Santo Inácio e seus jesuítas
O mês de julho termina com a memória festiva de Santo Inácio, esse basco inquieto, obstinado pela maior glória de Deus, totalmente dedicado à causa de Jesus Cristo; e que com essa determinação marcou a Companhia.
Plagiando Euclides da Cunha, podemos dizer que para ele, o jesuíta antes de tudo deve ser um forte. Foi com esse objetivo que formou os primeiros sete companheiros, em Paris, para fundar a Companhia de Jesus, em 1534. São quase cinco séculos de história de luzes e trevas, sucessos e perseguições, glórias e sofrimentos.
Assim como frequentavam os palácios da nobreza, tinham o prestígio das cátedras universitárias e púlpito das igrejas; da mesma forma passavam fome, sofriam privações de toda espécie, muitas vezes presos em insalubres masmorras, em grilhões e torturas culminadas com a morte.
Para um jovem ser formado jesuíta, ele tem pela frente pelo menos onze anos de estudo, incluindo duas faculdades (filosofia e teologia) aos quais podem ser acrescido pelo tempo das especializações.
Os dois primeiros anos são fundamentais para o candidato e a Companhia. Neles são observadas e avaliadas as condições pessoais e o potencial espiritual e religioso como aptidão para um estilo de vida fundamentada nos votos de pobreza, castidade e obediência.
Eles devem ser fruto de discernimento e opção pessoal trabalhados pela espiritualidade inaciana desenvolvida nos Exercícios Espirituais de Santo Inácio: para vencer a si mesmo e ordenar a sua vida sem se determinar por nenhuma afeição desordenada”.
A chave da leitura e prática do processo é a pessoa de Jesus Cristo, cuja vida e mensagem são aprofundadas e apresentadas ao exercitante como um desafio para vivê-las no seu contexto existencial. Desta forma, o candidato a Companhia, toma consciência da vocação e do sentido da vida comunitária entre pessoas com o mesmo ideal: seguir Jesus Cristo.
Durante os anos de formação, no final de cada etapa, retoma-se o discernimento pessoal e institucional avaliando o interesse e vontade com que se ocupa nos estudos e atividades nas diversas obras e campos de ação como religioso e sacerdote, culto e responsável.
O imaginário popular faz de um franciscano um rechonchudo e risonho fradinho de burel e sandálias, sempre de bom humor e de bem com a vida.
Para os jesuítas, influenciada pela perseguição pombalina, ainda prevalece a de um religioso austero estudioso e reservado, almejando o sucesso dos empreendimentos no mundo do saber e da religião.
A convivência familiar do Superior Geral com os papas, despertava a suspeita da influência sobre o governo da Igreja, vendo-o como o Papa Negro, pelo contraste de sua batina com a do Papa.
Os tempos são outros. A humanidade enfrenta problemas cada vez mais complexos. A eleição de um jesuíta para Papa traz na pessoa do Cardeal Bergoglio uma imagem diferente da missão da Igreja para a sociedade.
Na intuição de Santo Inácio, a criação da Companhia era um projeto concreto do seguimento de Jesus Cristo em sua missão redentora. Para Inácio, o amor se manifesta mais em obras do que palavras.
Em tudo se pode amar e servir, para a maior glória de Deus!