O petróleo tem sido a principal fonte mundial de energia, alimentando o mercado de combustíveis, a indústria de transformação e as atividades domésticas. Entretanto, o crescente aumento da demanda energética, aliado aos efeitos prejudiciais das mudanças climáticas, impulsionou a busca por processos sustentáveis para a produção de energia e combustíveis. Como consequência, programas para redução do uso de combustíveis fósseis tem se tornado prioritários para empresas e governos e visam a redução de gases poluentes oriundos das atividades produtivas da indústria do petróleo.
Segundo a International Energy Outlook (EIA), estima-se que o consumo mundial de energia deva aumentar cerca 50% até 2035. Desta forma, a menos que a matriz energética mundial seja alterada, a demanda por combustíveis fósseis pode registrar um aumento de cerca de 90% num futuro. Além disso, questões econômicas também impactam a estrutura da matriz energética mundial e exigem a exploração de biocombustíveis como substitutos para combustíveis derivados do petróleo.
O Professor do Departamento de Engenharia Química da FEI, Ronaldo Gonçalves, explica que biocombustíveis são combustíveis obtidos por meio da biomassa (microrganismos vivos, de origem vegetal e animal, incluindo alimentos, algas e resíduos animais) e, ao contrário dos combustíveis fósseis, os biocombustíveis são considerados fontes renováveis de energia, uma vez que podem ser gerados através do cultivo ou reprodução e causam menores efeitos danosos ao meio ambiente, quando comparado ao processo da indústria petrolífera.
O especialista explica também que conforme a aplicação da biomassa original, os biocombustíveis podem ser categorizados em primários e secundários. “Biocombustíveis primários utilizam a biomassa inalterada como fonte de energia e são tradicionalmente chamados simplesmente de biomassa. Madeira, gordura animal e resíduo florestal são exemplos comuns de biocombustíveis primários. Por outro lado, biocombustíveis secundários são aqueles produzidos a partir do processamento da biomassa para produzir substâncias com maior conteúdo energético que a original e, comumente, são substitutos potenciais dos combustíveis fósseis. Nesta categoria encontram-se biodiesel, bioetanol e bio-hidrogênio”.
Além disso, o professor comenta que biocombustíveis líquidos são geralmente preferidos devido a vasta infraestrutura disponível para uso e distribuição, sobretudo para aplicações em transporte. “O bioetanol, usualmente conhecido como álcool, é o combustível líquido com maior produção mundial, com destaque para o Brasil e Estados Unidos”. No Brasil, o bietanol é produzido essencialmente através do processamento da cana de açúcar. Nos Estados Unidos, o milho é a fonte primária de bioetanol (sendo utilizado em mistura com a gasolina para aplicações automotivas). O biodiesel é o segundo biocombustível mais comum, sendo produzido a partir de plantas oleosas, tais como soja e palma, e sendo utilizado puro em automóveis ou em misturas com o diesel do petróleo.
Diante do panorama energético atual e das mudanças climática atribuídas aos combustíveis fosseis, há um severo esforço para a implementação de biocombustíveis como fonte substituta aos combustíveis convencionais. “A expectativa é que em um futuro próximo, os biocombustíveis sejam a principal forma de combustível para o impulso da atividade humana, sendo sustentáveis social, ambiental e economicamente”, completa Prof. Ronaldo.