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O que esperar da Economia nos próximos anos?

O que esperar da Economia nos próximos anos?


  12/03/2019

Inflação, PIB, taxa básica de juros, mercado de trabalho; as dúvidas e expectativas dessas áreas fundamentais para o desenvolvimento do Brasil sob o olhar do professor do Departamento de Administração da FEI

Do ponto de vista econômico, o ano de 2019 começou em um ritmo muito acelerado. A bolsa de valores batendo recorde e a cotação instável do dólar, que ora registra picos, ora opera em tendência de queda, são alguns dos indicadores mais comentados por especialistas. No entanto, alguns pontos vitais da economia, que regem a economia do País, necessitam de uma análise especial.

Estima-se que um dos temas mais importantes do Brasil, a inflação, deve encerrar o ano em 3,90%. Já para o próximo ano, a expectativa dos economistas é de que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), utilizado pelo governo para calcular a meta de inflação, feche o ano em 4%. Assim sendo, as projeções das instituições financeiras apontam para uma inflação brasileira muito próxima ao centro da meta para os dois próximos anos, uma vez que o BC fixou para 2019 e 2020 como meta inflacionária 4,25% e 4%, respectivamente, com um intervalo de tolerância de 1,5% para cima ou para baixo.

Taxa básica de juros deve se manter em 2019; e crescer ligeiramente em 2020

Quanto à taxa básica de juros, chamada de SELIC, o mercado aposta que o país encerrará 2019 em 6,50% ao ano. Esta previsão significa que os juros básicos praticados nesse ano no Brasil deverão ser mantidos ao longo das próximas reuniões do COPOM (Comitê de Política Monetária). Vale ressaltar que esta taxa é uma das mais baixas dos últimos anos. Já para 2020, a estimativa é de que a taxa SELIC suba ligeiramente e que fique em 8% ao ano.

PIB tende a crescer nos próximos anos

Com a inflação sobre controle e a taxa de juros mais baixa, a economia brasileira deverá apresentar uma ligeira recuperação. As estimativas apontam que o Produto Interno Bruto (PIB) deverá crescer 2,5% em 2019. Para o próximo ano a tendência é que esse percentual se mantenha.

Mercado de trabalho: olhar otimista só se concretizará se houver avanços do governo

Como a expectativa é de crescimento econômico, o mercado de trabalho, apesar da grande quantidade de desempregados, deverá ser impactado positivamente em 2019. Dessa forma, as áreas administrativas, comerciais e de engenharia deverão apresentar um crescimento maior que as demais nos próximos dois anos. 

Porém, para que estas previsões se concretizem, o governo precisa aprovar as reformas na área fiscal, principalmente da Previdência Social, e outros ajustes que criem um ambiente mais propício para uma redução mais acentuada da taxa SELIC e um crescimento econômico mais robusto.

Por outro lado, caso estas medidas não sejam aprovadas, a situação da economia brasileira tende a piorar significativamente. Isto porque, como existe um teto máximo de gastos, o governo terá cortes em áreas essenciais - como saúde, educação, segurança, entre outras - para manter os gastos dentro deste teto. Somente para termos uma ideia do tamanho do rombo das contas Públicas, o governo espera que o déficit da previdência, somente neste ano, atinja a cifra de R$ 305 bilhões.

Questões globais são de extrema importância

No lado externo a preocupação é com a possível elevação mais acentuada da taxa de juros nos Estados Unidos, que poderá ocorrer neste ano pelo FED, Banco Central Americano. Isto porque a economia americana está crescendo mais fortemente, fato que poderá gerar uma pressão inflacionária maior.

Caso ocorra mesmo uma elevação mais significativa da taxa de juros, o capital poderá se deslocar principalmente dos países emergentes para os Estados Unidos em busca de uma melhor rentabilidade dos títulos públicos do governo americano. Um outro importante ponto é o possível agravamento da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China. Estes fatores poderão agravar a situação econômica por aqui e no mundo.

Assim sendo, apesar das expectativas favoráveis para 2019, feitas pelos economistas dos principais bancos, muitas coisas ainda terão que ser resolvidas tanto internamente como externamente para que a situação econômica do Brasil melhore significativamente e de maneira sustentável nos próximos anos.

* Marco Aurélio Vallim é professor do Departamento de Administração do Centro Universitário FEI