Historicamente, os estudos sobre a física nuclear no Brasil iniciaram em 1934, com um dos precursores das pesquisas científicas na área, o físico Gleb Wataghin. Na época, ainda investia-se pouco em física nuclear no País. Mas bastaram algumas décadas mais à frente para que essa área científica avançasse até atingir visibilidade internacional. Hoje, uma das grandes potencias para os estudos de física nuclear no Brasil é o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Física Nuclear e Aplicações (INCT-FNA), no qual a FEI faz parte.
O instituto foi criado em 2017 para aprofundar a colaboração entre os principais grupos de pesquisa nas áreas teórica, experimental e de aplicações de Física Nuclear no Brasil, sempre enfatizando o compromisso com a formação de recursos humanos altamente qualificados, para que o País desenvolva e domine tecnologias na área nuclear, e a disseminação dos conhecimentos gerados junto à sociedade.
Na FEI, as iniciativas da instituição junto ao INCT são coordenadas pela professora Marcilei Guazzelli, do Departamento de Física e, de acordo com ela, atualmente, os estudantes FEIanos estão cada vez mais envolvidos e dedicados no desenvolvimento de soluções e avanços científicos na área. “No nosso grupo de pesquisa temos alunos de todos os níveis, incluindo os de graduação, desenvolvendo seus projetos de iniciação científica, até mesmo os de mestrado e doutorado. O mais interessante de tudo isso é que, por meio destes estudos, conseguimos coloca-los em contato constante um com o outro para que, além da interatividade e troca de experiências, haja também um desenvolvimento conjunto e colaborativo neste importante papel que eles desenvolvem para o nosso centro universitário”, explicou.
Em entrevista, a professora também contou sobre um dos feedbacks positivos que recebeu recentemente de dois alunos orientados por ela. Mais precisamente, entre os dias 7 e 10 de novembro, os alunos do curso de Engenharia de Automação e Controle, Ana Laura Guidi e Paulo Roberto Garcia, participaram do Simpósio INCT-FNA 2022, que aconteceu no Instituto de Física da Universidade Federal Fluminense. Na ocasião, os FEIanos viajaram até o local para apresentarem pessoalmente os seus projetos de iniciação científica. “Nossos alunos estão envolvidos em projetos que fazem parte de um objetivo muito maior. Não se tratam somente de trabalhos científicos com começo, meio e fim. Eles têm uma continuidade e um papel importantíssimo para a contribuição científica nacional”, enfatizou a docente.
Ainda de acordo com a professora Marcilei, atualmente, os estudantes atuam com estudos focados nos efeitos da radiação em dispositivos eletrônicos para uso em ambientes hostis, como satélites, aceleradores de partículas, medicina nuclear e todos os ambientes em que se tenha qualquer dispositivo eletrônico e radiação por perto. “É um tema muito importante para o desenvolvimento tecnológico de domínio nacional, porque isso, há muitos anos atrás, era uma coisa reservada só para Europa e Estados Unidos. E no momento em que nós temos os nossos estudantes envolvidos e contribuindo para o avanço científico na área, nós trazemos, consequentemente, uma visibilidade importante e essencial para o nosso País”, destacou a professora da FEI.
Atualmente, o grupo de pesquisa da FEI que integra o INCT-FNA atua de maneira integrada e multidisciplinar, com integrantes das engenharias de automação e controle, engenharia elétrica, engenharia de materiais e engenharia química, por exemplo. As iniciativas, coordenadas e orientadas pelos professores da FEI são concentradas no Laboratório de Física das Radiações (LAFIR), para o desenvolvimento de pesquisas na área de radiação natural; e no Laboratório de Radiação Ionizante (LERI), espaço dedicado para pesquisas sobre os efeitos da radiação em dispositivos eletrônicos.
“Com este trabalho, nós percebemos que não estamos investindo somente na formação do engenheiro ou engenheira para o mercado, mas sim na formação global de pessoas com futuros brilhantes e capazes de colaborarem grandemente para benefício da nossa sociedade”, finalizou a professora Marcilei em entrevista.