Lançado em dezembro de 2021, o telescópio espacial James Webb terá suas aguardadas primeiras imagens em cores divulgadas pela NASA, a agência espacial norte-americana, nesta terça-feira (12/07), em uma coletiva de imprensa.
“A expectativa da comunidade científica para essa revelação é grande. O James Webb representa um investimento de quase 10 bilhões de dólares, tendo levado mais de 20 anos em seu desenvolvimento por conta das inovações que precisaram ser inventadas e testadas para executar um projeto dessa magnitude”, conta sobre a importância do evento o professor Cássio Barbosa, astrofísico da FEI.
De acordo com o docente FEIano, depois de um mês de jornada até sua órbita, distante 1,5 milhão de quilômetros da Terra, além de um longo período de testagem e calibração de seus instrumentos, o super telescópio finalmente será usado para fins de pesquisa em todo seu potencial científico. “Assim que chegou ao seu destino, o segundo ponto da órbita Lagrange – chamada L2 –, foram necessários mais seis meses para alinhamento de espelhos e resfriamento de seus instrumentos até perto do zero absoluto, ou seja, 273 graus Celsius negativos, uma vez que o James Webb foi projetado para operar na obtenção de imagens e espectros exclusivamente no infravermelho”, explica Cássio.
Especialista em observações astronômicas do infravermelho, que estudam os astros através da radiação eletromagnética emitida na faixa entre a região visível e as ondas de rádio, o professor afirma que a aplicação de tecnologia em alta resolução permitirá avanços inéditos nos focos de estudo do James Webb, a exemplo do universo em seu começo, a evolução das galáxias e o ciclo de vida das estrelas.
Universo profundo e primeiras galáxias poderão ser revelados em alta resolução
“É difícil prever o que será mostrado pela primeira vez em caráter científico, mas algumas imagens serão das primeiras galáxias formadas no universo e, dentro delas, as primeiras estrelas. Além disso, com o James Webb haverá a possibilidade de descobertas importantes na área dos exoplanetas, como a detecção de atmosfera em planetas muito parecidos com a Terra”, aponta o astrofísico.
Nesse sentido, as imagens mais profundas já realizadas do universo, segundo Bill Nelson, administrador da Nasa, é algo que tem deixado os astrônomos envolvidos no projeto do telescópio espacial “em lágrimas”. “Da mesma maneira que o predecessor do James Webb, o telescópio espacial Hubble nos presenteou com descobertas como a energia escura, desconhecida até 1990, é significativo o quanto nosso conhecimento do universo poderá evoluir com essa empreitada histórica. E ainda fica a pergunta mais interessante: o que o James Webb nos mostrará de novo?”, finaliza o acadêmico da FEI.