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Programa internacional que estuda buracos negros fará anúncio de nova descoberta nesta quinta-feira

Programa internacional que estuda buracos negros fará anúncio de nova descoberta nesta quinta-feira


  12/05/2022

Cássio Barbosa, professor e astrofísico da FEI, explica importância da pesquisa e tecnologia empregada no projeto Event Horizon Telescope (EHT)

Nesta quinta-feira (12), os membros do Event Horizon Telescope (EHT) anunciarão em uma coletiva de imprensa ao vivo, a partir de 10h, uma nova e importante descoberta do programa sobre a nossa galáxia. Com grande expectativa da comunidade científica ao redor do mundo, o comunicado deve revelar os novos avanços da colaboração internacional de pesquisa, que tem como principal objetivo capturar e estudar imagens de buracos negros existentes no universo conhecido.

“Uma das grandes revelações do projeto por meio desta tecnologia, em 2019, foram as primeiras imagens já realizadas de um buraco negro, localizado a 55 milhões de anos-luz de distância da Terra, na galáxia Messier 87, que faz parte da constelação de Virgem. Então, há razões para acreditar que o anúncio possa ser surpreendente”, conta Cássio Barbosa, professor e astrofísico da FEI.

De acordo com o docente FEIano, novas imagens serão divulgadas, mas, desta vez, de um buraco negro supermassivo que está a uma distância relativamente menor da Terra. “Conforme informações antecipadas pelo EHT, pela primeira vez teremos imagens deste buraco negro, que está na constelação de Sagittarius A*, no centro da Via Láctea, cerca de 26 mil anos-luz de distância de nós”, explica ele.

Criado em 2006, o EHT é um projeto desenvolvido por uma rede global de radiotelescópios, que combina dados de interferometria, ou seja, o cruzamento de sinais obtidos por diversas antenas, para melhor entender como se comportam e influem no espaço os buracos negros e seus campos gravitacionais e magnéticos.

Os pesquisadores do programa, aponta Barbosa, utilizam até nove telescópios dispersados em diferentes países do mundo, incluindo a Antártica, para formar um sistema sincronizado de observação espacial, que atua como uma única antena parabólica de tamanho equivalente ao da Terra. “As informações coletadas sobre os buracos negros são estudadas no Observatório Haystack do MIT, nos EUA, e também no Instituto Max Planck de Radioastronomia, em Bonn, Alemanha. Por conta da grande quantidade de dados gerados, é utilizado um algoritmo próprio para análise, em uma rede de cerca de 800 computadores conectados em alta velocidade”, comenta ele.

Embora seja ainda um mistério o que deve ser anunciado pelo EHT nesta quinta-feira, o astrofísico da FEI ressalta que o projeto é responsável por significativos avanços no estudo do espaço e na comprovação de renomadas teorias da Física. “As imagens já divulgadas do buraco negro em Messier 87 forneceram, por exemplo, validade para a teoria geral da relatividade de Albert Einstein sob condições extremas ao examinarem os movimentos de estrelas e de nuvens de gás próximas. Graças à polarização das ondas de rádio foi revelada a estrutura do campo magnético na borda do buraco negro, tornando possível a produção de uma imagem mais precisa de sua forma e do chamado do horizonte de eventos, onde gravidade é tão forte que, nada, nem mesmo a luz, pode escapar”, conclui Barbosa.