Caso você já tenha se perguntado como funciona uma usina nuclear, saiba que o “segredo” por trás da operação está na fissão nuclear. É o que explica a professora Marcilei Guazzelli, do Departamento de Física da FEI, que foi consultada como fonte para uma reportagem especial no CanalTech.
Em entrevista, a professora da FEI explicou que, de forma resumida, as usinas nucleares geram eletricidade com o calor liberado pela fissão nuclear - um processo em que o núcleo do átomo é dividido, liberando energia. “Por exemplo, um átomo de urânio pode fissionar em dois fragmentos, o césio e rubídio, liberando dois nêutrons e 200 MeV (elétron-volt) de energia”, afirmou a especialista.
A reportagem destacou, ainda, que os nêutrons liberados podem encontrar outros átomos de urânio, iniciando uma reação em cadeia que exige controle. “Nesse sentido, reações controladas são as que ocorrem em um reator nuclear para gerar energia elétrica, enquanto as reações descontroladas causam, por exemplo, a detonação de uma bomba atômica”, explicou a professora Marcilei. Essa fissão, de acordo com ela, ocorre no interior dos reatores nucleares, componentes das usinas que suportam as reações com combustíveis em seu interior.
O calor liberado pela fissão aquece a água do reator, que é conduzida por tubos até chegar a um vaporizador. Na sequência, mais água será fervida pelo calor dos tubos, onde a água aquecida passa. O vapor gerado irá mover turbinas, que alimentarão os geradores elétricos.
A reportagem publicada no CanalTech destacou, também, a etapa seguinte do processo, que é a de condensar este vapor do circuito secundário em água. Para isso, existem as conhecidas “torres de resfriamento”, as imensas e icônicas “chaminés”, que liberam uma fumaça branca, que nada mais é do que vapor ‘água.
De acordo com a professora Marcilei, existem diferentes tipos de reatores, como os de água fervente, de água pesada, entre outros. A histórica usina de Chernobyl, por exemplo, que foi palco do maior acidente nuclear já ocorrido, tinha um reator que utilizava hastes de grafite para controlar a fissão nuclear. Contudo, após uma explosão causada pelo acúmulo de vapor, o grafite foi incendiado, liberando toda a radiação. “No caso do reator do tipo PWR [sigla para “Pressurized-Water Reactor”], este tipo de acidente não aconteceria, pois, a utilização da água em alta pressão evita que ela entre em ebulição”, explicou a professora.