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É possível estar seguro em nossa vida digital?

É possível estar seguro em nossa vida digital?


  27/04/2018

Assim como uma casa, a melhor maneira de se proteger é trancando portas e janelas

Ainda que involuntariamente, todas as pessoas hoje possuem seus dados armazenados em computadores ao redor do planeta. Involuntariamente, pois, ainda que as pessoas não estejam presentes nas tão populares redes sociais, é inevitável ter sua identidade armazenada em alguma loja virtual, nos bancos ou nos sistemas governamentais!

Muitas pessoas se perguntam: é possível estar seguro nesse mundo virtual, onde nossas informações pessoais estão ao alcance de alguns cliques?

Assim como no passado, quando as pessoas não estavam conectadas o tempo todo, é possível estar seguro, desde que sejam tomados cuidados básicos. Usar a data do aniversário como senha do cartão de crédito ou não manter seu sistema operacional atualizado é equivalente a deixar a porta e janelas de casa abertas nos anos 1980.

Assim como aceitar todos os convites para amizade em redes sociais, independente de conhecer ou não a origem deles, seria como aceitar balas ou carona de desconhecidos.

Apesar de toda a divulgação das ameaças virtuais, muitos ainda acreditam que elas ocorrerão apenas com o computador do vizinho. Se antigamente todas estas ameaças eram conhecidas apenas como “vírus de computador”, hoje em dia vários nomes tentam classificá-las: malware, trojan, worm, spyware, phishing etc.

Mas por que hoje estamos tão vulneráveis a esses tipos de ataque? Em primeiro lugar, porque o acesso a informação é muito mais simples e constante. Estamos o tempo inteiro online, seja nos nossos computadores ou nos tablets e celulares. Isso significa que, além de poder acompanhar tudo o que está acontecendo via sites de notícias, redes sociais e aplicativos de mensagens, também nos tornamos alvos permanentes para aqueles que fazem da captura de informações um meio para obter vantagens nem sempre lícitas.

Muitas vezes, as informações nem precisam ser capturadas em um ataque sofisticado – basta que sejam coletadas nas redes sociais!

Ameaças conhecidas como ransomware são as mais recentes e capazes de sequestrar os dados do computador de um usuário, que precisa pagar o resgate (ransom, em inglês) para que tenha acesso novamente às suas próprias informações. Indivíduos e empresas têm sido vítimas dos ataques de ransomware, e estima-se que tenham gasto milhões de dólares para recuperar seus dados. Obviamente, rotinas de backup efetivas e periódicas simplesmente eliminariam essa ameaça (e poupariam um bom dinheiro!).

Como evitar tudo isso? Além dos backups e de manter os computadores pessoais sempre atualizados, cuidar das informações pessoais, controlando as pessoas que devem ter acesso a elas, pesquisar sobre a origem e veracidade de ofertas excepcionais (como músicas, filmes e seriados gratuitos) e não acreditar no completo anonimato da vida online são conselhos óbvios, mas que na prática têm se mostrado realmente difíceis de serem seguidos pelos usuários, que ficam expostos a uma série de ameaças que eles sequer poderiam imaginar na sua jornada exclusivamente analógica!

Algoritmos de criptografia cada vez mais modernos permitem a troca de mensagens com segurança, e tecnologias como o blockchain vêm moldando um novo ambiente transacional para empresas e pessoas, trazendo mais segurança e estabilidade ao ambiente virtual.

Além disso, há todo um conjunto de profissionais e empresas voltados não apenas a desenvolver estas novas tecnologias, mas também para entender a complexidade da migração para a vida digital – afinal, nenhuma inovação será suficiente para garantir a nossa segurança digital se portas e janelas não estiverem trancadas!

Ricardo Destro
Prof. Dr. do Departamento de Ciência da Computação
Centro Universitário FEI