Notícias Fei

Como será a busca pelo novo trabalho em 2050?

Como será a busca pelo novo trabalho em 2050?


  30/06/2021

O clássico emprego assalariado com formalização de horário tenderá a chegar ao fim, enquanto o trabalho voltado para a busca da solução de novos problemas cresce de maneira disruptiva, baseado em demanda, competências, entrega de resultados e maior participação dos colaboradores nas tomadas de decisão. Esse é o cenário do mercado de trabalho em 2050 projetado em uma atividade lúdica realizada pelo membro do Conselho de Curadores da FEI, Ingo Plöger, presidente internacional do Conselho Empresarial da América Latina (CEAL) e da IP Desenvolvimento Empresarial e Institucional (IPDES), juntamente com a aluna de Engenharia Química Fernanda Cruz Boscari e a engenheira de produção Fernanda Santos de Sales, ex-aluna da FEI, que trabalha como Business Development no Laboratório de Inovação do Banco Votorantim.

A dinâmica simulou um processo seletivo do futuro no qual o executivo de uma empresa com 15 mil colaboradores busca uma jovem profissional para a vaga de coordenação de processos. Para a escolha da candidata, o gestor tem a ajuda dos associados (representados pelo auditório) para avaliar os perfis das entrevistadas por meio de pesquisa em tempo real, via smartphone.

A atividade foi desenvolvida no primeiro dia do 3o Congresso FEI de Inovação, organizado em 2018, com o objetivo de provocar e inspirar professores, alunos e convidados a imaginarem como será a busca pelo emprego e a nova relação de trabalho no futuro. Para isso, os participantes realizaram uma intensa pesquisa sobre tendências mundiais, trocaram experiências e se prepararam para vivenciar e compartilhar a visão que o mercado está seguindo para 2050.

A encenação abordou questões como motivação para a candidatura ao trabalho, qualificação profissional, importância do gerenciamento e da atuação em equipe, avanços tecnológicos e equilíbrio entre trabalho, família e lazer. Na opinião dos envolvidos, no futuro há grandes chances de a relação profissional ser conduzida, conforme foi apresentado na atividade lúdica, e empresas e profissionais precisam estar preparados para se adaptarem a essa nova realidade. O engenheiro e economista Ingo Plöger afirma que as empresas do futuro serão conhecidas como ‘caçadoras de problemas’, como foi encenado na dinâmica, e vão buscar temas a serem solucionados, diferentemente do que é feito pelas empresas modernas atuais que se denominam como solucionadoras, ao propor melhorias com base em necessidades já conhecidas. “As futuras organizações não serão mais ‘empregadoras’, mas associações de competências por temas e problemas oferecidos. Não faltarão oportunidades, mas as pessoas terão de se adaptar a essa nova forma de oferecer suas competências para a solução de problemas como forma de trabalho”, explica. O conselheiro da FEI enfatizou, ainda, a importância de ter iniciativa, disposição e aprendizado contínuo para aproveitar todas as oportunidades que virão no futuro.

Em relação à contratação e motivação dos colaboradores no ambiente de trabalho também deverá ocorrer uma mudança radical no mindset das empresas e nas lideranças, que exercerão cada vez mais os papéis de conselheiros e mentores. “Conselheiro será aquele que estará na frente institucional e empresarial, não se envolverá tanto na questão interpessoal de valores e missão, mas em torno de objetivos e resultados. Já o mentor vai construir uma comunidade visionária, integrar-se nos grandes temas interpessoais e da humanidade, além de compartilhar valores e ética com o time”, acentua.

A engenheira Fernanda Santos de Sales acredita que os líderes deverão inspirar e motivar as equipes, potencializando a troca de conhecimento e as experiências entre os profissionais, além de dar mais autonomia, o que poderá contribuir para o aumento da produtividade e criatividade de todos. Com o mercado cada vez mais competitivo, os participantes também concordam que a valorização das competências comportamentais será fundamental no processo da revolução digital. “Possuir uma boa base técnica como a FEI nos proporciona é extremamente importante, mas as habilidades comportamentais farão grande diferença nessa nova era.

Ter uma boa comunicação com nossos pares e líderes, saber trabalhar em equipe para a ampla troca de conhecimento, manter um pensamento mais criativo para a resolução de problemas e, principalmente, ter grande flexibilidade diante de um mercado em constante mudança serão essenciais”, ressalta a ex-aluna da FEI, que participou do InovaJunto, um programa de intraempreendedorismo do Banco Votorantim com parceria do Banco do Brasil, e ficou três meses no Vale do Silício, na Califórnia, Estados Unidos. Nesse período, a jovem desenvolveu um projeto utilizando blockchain (tecnologia de registro distribuído que visa à descentralização como medida de segurança), participou de eventos e de diversos cursos.

A engenheira relata que essa experiência proporcionou a oportunidade de adquirir novas competências e habilidades e estar em um ambiente amplamente disruptivo, o que contribuiu para que saísse da zona de conforto e encarasse novos desafios. Frente aos avanços tecnológicos e às megatendências, a aluna de Engenharia Química da FEI, Fernanda Cruz Boscari, acredita que um dos maiores desafios na busca por um trabalho no futuro será a capacidade de atualização profissional em relação à velocidade de mudanças no mercado. “Acredito que serão desejados pelo mercado não aqueles que trabalham muito tempo, mas os que fazem muito em pouco tempo. As atividades serão mais dinâmicas, as pessoas receberão dinheiro para oferecer soluções muito criativas, empáticas e estruturadas, o que a automatização não consegue fazer. O aprendizado contínuo será primordial e, por isso, desde a faculdade já participo de atividades, como a empresa Júnior FEI, e faço cursos que agreguem conhecimento e melhorem o meu currículo”, relata.

*Esta reportagem faz parte da publicação na Revista Congresso de Inovação 2018 - Megatendências 2050