A geração Z, formada por jovens que nasceram depois de 1995, é nativa digital, cresceu em um ambiente com smartphones, internet de boa qualidade e pode ser caracterizada pela autoconsciência, autossuficiência, persistência, tolerância e, sobretudo, autenticidade. Pesquisa realizada pelo Grupo Cia de Talentos identificou, ainda, que esses jovens querem menos rótulos e mais diálogo, pois se permitem mudar de opinião com frequência e são mais plurais.
Além disso, em geral são mais ativistas e mantém uma maior preocupação com questões sociais e ambientais. Ao chegarem às instituições de Ensino Superior e ao mercado de trabalho, esses jovens trazem novos desafios para educadores e empregadores, que precisam estar preparados para ensinar e aprender com uma geração que traz novas visões do mundo. A vida profissional e pessoal também está mais interligada, com o crescimento do trabalho em home office e com horário flexível, uma vez que esses jovens buscam na empresa a coerência com os desejos pessoais.
A diretora de desenvolvimento do Grupo Cia de Talentos, Sandra Cabral, lembra que esses profissionais respeitam a liderança, têm coesão e, em geral, quando saem de um emprego não reclamam da empresa, mas de seus líderes. “São pessoas que nasceram em um mundo volátil, no qual o futuro é tão próximo quanto o fim de semana, e querem ser felizes agora. Para essa geração, o ‘nós’ é maior do que o ‘eu’ e, embora tenham interesse no resultado financeiro, também estão muito preocupados com o social”, complementa.
A carreira desses jovens é aberta para vivenciarem e experimentarem, e há uma busca constante pela disrupção, diferentemente da estrutura antiga de gerações que valorizavam a segurança no emprego e o tempo de permanência na empresa. Por esse motivo, segundo Sandra Cabral, a tendência é procurarem trabalho em organizações que estejam alinhadas com o mundo e o impacto que trazem para a sociedade, com base na verdade e na transparência, e que tenham coerência entre o que falam e fazem. “Eles também desejam um trabalho que seja atrelado ao futuro e, se não for uma relação verdadeira, vão embora”, argumenta. A busca pelo melhor acolhimento e formação dessa nova geração deve levar em consideração, ainda, a forte conexão com o mundo virtual, a pluralidade, o ativismo e a colaboração.
A chegada dessa nova geração na educação superior foi tema de debate durante a Semana da Qualidade no Ensino, na Pesquisa e Extensão, realizada em 2019, com docentes e lideranças do Centro Universitário FEI, em parte com base no livro iGen, da psicóloga norte-americana Jean M. Twenge – o termo foi cunhado pela autora e a letra i faz alusão à internet. A publicação, lançada em português com o intertítulo ‘Por que as crianças superconectadas de hoje estão crescendo menos rebeldes, mais tolerantes, menos felizes e completamente despreparadas para a idade adulta’, é resultado de uma investigação baseada em pesquisas e entrevistas com 11 milhões de jovens e traz uma ampla reflexão sobre a geração nascida de 1990 até 2012, que teve acesso a celulares e contas nas redes sociais antes de começar o Ensino Médio e não se lembra do mundo antes da internet.
O livro iGen mostra, por exemplo, que a cada 19 segundos os jovens mudam a tela do computador, o que indica que não há aprofundamento do que está sendo pesquisado. E é esse hábito de clicar no próximo link em segundos que faz com que livros, revistas, jornais Educadores do Centro Universitário discutiram o perfil dos jovens que chegam ao Ensino Superior com objetivo de entender suas demandas e formá-los adequadamente, atendendo aos seus anseios e preparando-os para o futuro e outras publicações não sejam mais interessantes por demandarem atenção.
“Na pesquisa feita pela doutora Jean M. Twenge, mais de 75% das janelas dos computadores ficavam abertas por menos de um minuto. E sabemos que lidar apenas com mensagens de texto e postar em redes sociais, em vez de leituras mais elaboradas, compromete o poder de compreensão de textos e de redações acadêmicas”, alerta o professor da FEI, Dr. Fábio do Prado. A Semana da Qualidade de 2019 abordou outros pontos relacionados ao perfil desses jovens e a influência nos estudos, como o tempo em que permanecem on-line, que já chega a seis horas por dia, e a rápida perda de interesse por assuntos em geral. O objetivo do encontro foi aprofundar a compreensão sobre essa geração para acolher e formar adequadamente os jovens, atendendo aos seus anseios e preparando-os para as demandas futuras.
“Temos o propósito de acolher a juventude, inspirá-la e transformá-la por meio da educação, e precisamos ter um maior diálogo com essa geração. A FEI está em busca de respostas para atender a essa nova demanda por meio de um ambiente pedagógico adequado”, enfatizou o professor, ao lembrar que os novos projetos pedagógicos dos cursos de Engenharia estabelecem um itinerário formativo eficaz para o trabalho em equipe e o contato com problemas reais da sociedade.
*Publicação realizada na Revista Domínio FEI, edição nº 35 – Dezembro de 2019.