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FEI ganha destaque em reportagem com chamada de capa na Revista Educação

FEI ganha destaque em reportagem com chamada de capa na Revista Educação


  22/04/2025

Em entrevista, a Vice-reitora de Extensão e Atividades Comunitárias, Profa. Dra. Michelly de Souza, destacou sua visão sobre o cenário atual dos cursos de engenharia pelo País

Conteúdo originalmente publicado pela Revista Educação*



A engenharia é uma área estratégica para países que buscam crescer inovando. Foi por meio da ciência e tecnologia que nações desenvolvidas criaram as condições econômicas que têm hoje. A busca por soluções para os desafios globais, como a sustentabilidade e a digitalização, abre um imenso leque de oportunidades para as diversas profissões do setor.

Entretanto, nos últimos dez anos, o Brasil registrou uma queda de 23% no número de estudantes em cursos de engenharia. De acordo com informações do último Censo da Educação Superior, do Ministério da Educação (MEC), em 2014 havia 469,4 mil ingressantes em graduações, número que caiu para 358,4 mil em 2023.

Essa falta de profissionais se choca com a crescente demanda por engenheiros. Levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) de 2023 estima que o Brasil tenha um déficit de 75 mil engenheiros, o que gera impactos em setores estratégicos como infraestrutura, tecnologia e energia.

Diagnóstico da queda

Esse fenômeno, que não se restringe ao Brasil, encontra causas específicas na realidade nacional. A desindustrialização vivida a longo prazo pelo país, a pandemia e as crises econômicas são fatores que têm contribuído para esse cenário.

“A crise econômica dos últimos anos evidenciou o impacto do fator financeiro no ingresso de jovens em cursos de engenharia. Para garantir que haja um número suficiente de profissionais qualificados é preciso a ampliação de programas de bolsas de estudo e financiamento estudantil para cursos da área, ou ainda incentivos fiscais para empresas que invistam em programas de estágio e aprendizagem no setor”, afirma Michelly Souza, vice-reitora da Fundação Educacional Inaciana (FEI). Atualmente, a FEI conta com sete cursos de engenharia, incluindo engenharia de robôs, criado em 2019 e o único no país.

Um fator-chave que impacta diretamente na escolha profissional dos jovens é a dificuldade deles com disciplinas de exatas no ensino fundamental e médio. Segundo o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) de 2022, cerca de 73% dos estudantes brasileiros de 15 anos têm dificuldades em resolver problemas matemáticos simples, estando abaixo do nível 2, considerado o básico.

Apenas 27% alcançaram o nível 2 de proficiência ou mais em matemática – número muito abaixo da média de 69% alcançada pelos estudantes dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). “Os resultados do Pisa evidenciam uma defasagem no ensino básico de ciências exatas no Brasil”, analisa Michelly. Para ela, o encantamento pela engenharia tem início ainda na infância, quando as crianças exploram o mundo ao seu redor e questionam como as coisas funcionam. Por isso é necessário despertar o interesse delas por meio de atividades lúdicas que agucem a curiosidade e o desejo em resolver problemas reais.

“O estímulo à criação e participações em olimpíadas e competições de engenharia pode colaborar para o interesse dos jovens pela área. Anualmente, a FEI sedia as etapas regionais e estaduais da Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR). Esta competição envolve alunos de ensino fundamental e médio e colabora para o aumento do interesse das crianças e jovens”, afirma.

 

Diversidade e inclusão

Embora as mulheres sejam maioria (60,59%) entre os inscritos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2024, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), apenas 20% dos estudantes e profissionais de engenharia são do sexo feminino, segundo dados do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea).

Para a vice-reitora da FEI, é necessário desmistificar a imagem da engenharia como uma área restrita a homens com um perfil profissional muito técnico. “Campanhas de divulgação podem mostrar a diversidade de áreas de atuação, os desafios e as possibilidades de carreira, além de destacar a importância social do trabalho do engenheiro, independentemente do gênero”, analisa.

A vice-reitora da FEI destaca ainda a importância de se iniciar o incentivo ao estudo de disciplinas afins à engenharia desde a infância através da realização de atividades educativas e práticas que apresentem um ambiente inclusivo e igualmente acolhedor para meninas e meninos.

“Na universidade, a criação de grupos e redes de mulheres na engenharia é importante para permitir o acolhimento e o compartilhamento de experiências, apoio mútuo e o fortalecimento do senso de pertencimento na área. Na FEI temos o projeto FEIanas SciTech, que reúne alunas e professoras das áreas de Ciência e Tecnologia com o objetivo de fortalecer a diversidade e a inclusão das estudantes”, diz Michelly.

A engenharia não é uma área isolada e se relaciona com outras áreas do conhecimento, como as ciências humanas e biológicas, o que amplia as possibilidades de atuação dos futuros engenheiros.

É papel das IES estreitar laços com a escola básica, apresentando o ofício para os alunos do fundamental e médio de maneira atrativa, por meio de oficinas, competições e cursos.

“A articulação com o ensino médio é uma prática essencial para despertar o interesse e atrair o jovem para a engenharia. Com o intuito de colaborar com a disseminação de informações sobre a área, na FEI, além de palestras, oficinas e cursos nas escolas, temos um programa de Iniciação Científica Júnior que permite aos alunos do ensino médio realizarem projetos de pesquisa sob a orientação de professores universitários”, afirma Michelly.

De acordo com a vice-reitora, outra iniciativa que está em curso na fundação é o convite às escolas para participar do InovaFEI, evento de exposição dos projetos de formatura dos seus formandos. “O evento é uma oportunidade para que os jovens vejam o resultado de projetos desenvolvidos pelos alunos da FEI pensando nas necessidades das indústrias, do mercado de trabalho e de toda a sociedade”, pontua.