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São Bernardo do Campo completa 467 anos

São Bernardo do Campo completa 467 anos


  18/08/2020

O Centro Universitário FEI se orgulha em fazer parte dessa história e do desenvolvimento da cidade

“A FEI é uma instituição que orgulha a cidade de São Bernardo do Campo. Conhecimento é a única forma de se mudar uma sociedade e é isso o que vemos aqui, em um evento como este”.

A afirmação do prefeito de São Bernardo do Campo, Orlando Morando, em uma de suas participações em eventos da Instituição resume a importância da participação do Centro Universitário da FEI no desenvolvimento do Grande ABC, por ser uma das primeiras instituições de ensino superior a ser criada no Brasil com objetivo de formar mão de obra qualificada para atender ao processo de industrialização do País.

Mas isso só foi possível graças a um visionário jesuíta, Padre Roberto Saboia de Medeiros, que atento às mudanças que ocorreriam no Brasil, fundou em 1941, a Escola Superior de Administração e Negócios (ESAN) com o primeiro curso de Administração do País, baseado no modelo da Graduate School of Business Administration da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos e, ainda inquieto, cinco anos depois fundou também a Faculdade de Engenharia Industrial (FEI) com objetivo de formar os engenheiros que as indústrias precisavam.

“Fruto de seu tempo, o Padre Saboia via na educação e nas ações sociais os dois maiores objetivos de seu apostolado. Para ele, estas seriam maneiras de minimizar os efeitos do processo e inchaço populacional que se instalava nas periferias das grandes cidades, em especial no Estado de São Paulo, resultado do crescimento da industrialização. Determinante para o desenvolvimento regional, mesmo com a dinâmica imposta em um momento em que as indústrias instaladas no Grande ABC priorizavam a tecnologia vinda das matrizes, a FEI foi fundamental para a formação de engenheiros voltados para as indústrias”, descreve a historiadora Gisela Tolaine Massetto de Aquino, autora da dissertação de mestrado 'Progresso, Tecnologia e Engenharia: um olhar sobre a Faculdade de Engenharia Industrial e a Igreja Católica na construção do Grande ABC', apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História Social da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP), sob a orientação do professor doutor Gildo Magalhães.

Ao longo desses quase 80 anos de existência, a FEI fez e continua fazendo parte de muitos projetos em colaboração com a indústria, em especial as instaladas em São Bernardo do Campo. Entre os exemplos está a participação de professores do curso de Engenharia Mecânica Automobilística em um estudo para o então recém-lançado Dodge Polara, da Chrysler do Brasil, na década de 1970. No mesmo período, a Engenharia Química firmou parcerias importantes com empresas como BASF, Rhodia, Tintas Coral e Bombril, com destaque para pesquisas como a do álcool da mandioca como alternativa energética e para a criação da primeira palha de aço inoxidável do Brasil.

São inúmeras as parcerias e projetos desenvolvidos juntamente com a cidade, o que mostra a complementariedade existente entre a cidade e a Instituição. Destaca-se também para esse histórico a participação da FEI na Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC e do Grupo de Trabalho de Logística da Prefeitura de São Bernardo do Campo, em conjunto com a Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea)

Outro engajamento da FEI visando sempre o desenvolvimento regional foi a inserção da Instituição ao projeto de criação de um novo parque tecnológico em São Bernardo do Campo, que deverá atuar particularmente nas áreas de defesa e de petróleo e gás, que são estratégicas para o País.

Soma-se a este histórico de parceria os mais de 50 mil estudantes que passaram pelos campi da FEI, em São Paulo e São Bernardo do Campo. Um desses ex-alunos é o engenheiro mecânico José Carlos Teixeira Moreira, formado em 1967 e diretor da JCTM Marketing Industrial. “Tive a honra de ser aluno da FEI e a nossa turma foi a primeira do campus São Bernardo do Campo. A ida para o Grande ABC fez com que essa importante região se transformasse em um polo de referência no campo da Engenharia, com o respaldo das notáveis empresas que já haviam escolhido a região pela sua pujança e significado. Hoje, constato que o ABC soube, com maestria, tirar todo o proveito da seriedade e do brilho da FEI, acolhendo e prestigiando os profissionais admiráveis que continuadamente nascem desse centro de excelência”, afirma o executivo.

Mas como a FEI se instalou em São Bernardo do Campo?

A transferência da FEI da rua São Joaquim, na Liberdade, coração de São Paulo, para o bairro Assunção, em São Bernardo, deve-se ao casal Lauro Gomes de Almeida (ex-prefeito) e Lavinia Rudge Ramos, a dona Nenê. Naquela virada dos anos 1950 para 1960 dizia-se que o Brasil precisava de técnicos e engenheiros. São Bernardo ainda mais, já que na cidade nascia o parque automobilístico brasileiro. No caso da FEI, o casal Lauro Gomes fez muito, sacramentando a doação à Fundação de Ciências Aplicadas do Recanto Santa Olimpia, propriedade da família, outrora formada por lotes coloniais destinados aos imigrantes italianos, ao lado do Haras Artuélia, onde resiste uma velha capela junto à Estrada dos Alvarengas. Lauro Gomes costumava dizer que o seu sonho era ver jovens de São Bernardo dirigindo-se a uma escola técnica de nível superior da cidade para, depois de formados, trabalharem nas montadoras de automóveis e nas indústrias de autopeças.

O jornalista e historiador Ademir Medici explica que enquanto as conversações para a vinda da FEI evoluíam, o casal Lauro e dona Nenê abria sua propriedade em ocasiões especiais. “Senhores alunos, professores, funcionários e diretores da FEI, saibam que o campus da sua escola já serviu a encontros festivos, música ao ar livre, apresentação dos famosos aqualoucos num lago que ali existia, acho que na área do estádio. Menino, eu participei daquelas festas e me regalei com as guloseimas”. Alguns anos depois, já repórter, Ademir retornou muitas vezes à FEI como setorista de São Bernardo para acompanhar o trabalho do professor Rigoberto Soler à frente de projetos como o Talav. “Era uma competição com o Paulinho Andreolli, do Estadão. Quem vai divulgar primeiro o próximo experimento. Não podíamos ser furados no Diário do Grande ABC. Num quadro-negro do Departamento de Pesquisas de Veículos Aerodinâmicos (ou algo assim) colocávamos o nosso nome e telefone: não se esqueçam de nós, mandem notícias. Laudas e laudas foram escritas sobre tantos projetos que formaram os jovens estudantes de então, hoje executivos renomados que se orgulham de dizer que estudaram na FEI”.

Conteúdo extraído de matéria publicada na 7ª edição da revista Domínio FEI