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Cometa Verde: Prof. Cássio Barbosa, astrofísico da FEI, destaca dicas para acompanhar a aparição do astro

Cometa Verde: Prof. Cássio Barbosa, astrofísico da FEI, destaca dicas para acompanhar a aparição do astro


  02/02/2023

Docente FEIano foi entrevistado com exclusividade para reportagem no G1

O cometa verde, nomeado cientificamente como C/2022 E3 (ZTF) passará pela Terra depois de 50 mil anos desde a sua última aparição. No Brasil e em todo Hemisfério Sul ele será visível a partir do dia 1º de fevereiro e deve permanecer localizável no céu até o dia 10. Em entrevista para o portal G1, o professor Cássio Barbosa, astrofísico da FEI, destacou dicas para aqueles que quiserem acompanhar a aparição do astro.

Confira:

1. O que é preciso para encontrar o cometa passando pelo céu?

 O professor da FEI explica que é preciso estar em um local bem escuro. Isso porque o cometa está com um brilho considerado fraco, no limite do que o olho humano consegue captar.

 Como a Lua está em fase crescente, seu brilho pode atrapalhar. Para ver com nitidez, ele recomenda um binóculo, mas é possível enxergar a olho nu.

 Como ele muda muito de posição de uma noite para outra, o melhor jeito é se valer da ajuda da tecnologia. Existem aplicativos gratuitos, como o Stellarium e o Star Walk, que permitem ver a localização dos astros no céu e saber para onde é preciso olhar.

 Na noite do dia 4 ele estará muito perto de uma estrela brilhante azulada chamada Capela, apontando para o Norte;

Já no dia 10 estará muito próximo de Marte, que emite um brilho alaranjado, e está localizado na constelação de Touro. Ou seja, um pouco mais no alto, já que Capela fica mais próxima do horizonte.

2. Durante quantas noites será possível ver o cometa?

A partir de 1° de fevereiro até o dia 10 o cometa será visível durante a noite em sua trajetória pelo céu do Hemisfério Sul.

3. Do que é feito um cometa?

O astrônomo diz que um cometa é uma grande rocha coberta de "gelo sujo", porque outros materiais estão embutidos em sua composição.

No caso do E3, é o cianeto que concede a coloração esverdeada. Em geral, há também a presença de nitrogênio, gás carbônico e poeira.

4. Por que demora tanto para passar pela Terra?

“Esse cometa vem da região que a gente costuma dizer que é o reservatório dos cometas de longo período, a Nuvem de Oort, que é uma sobra da formação do sistema solar, como se fosse uma bolha muito distante”, explicou o professor Cássio Barbosa.

De vez em quando uma dessas bolas de gelo mergulha nas imediações da Terra. Pela grande distância e por causa da fraca atração exercida pelo Sol, o cometa demora a passar.

Segundo o astrônomo, a parte mais acelerada da trajetória será quando ele passar perto do Sol. Se a sua órbita não for desviada por Júpiter, Saturno ou pelo próprio Sol, ele acabará voltando para a nuvem. Isso foi o que ocorreu com o E3, que volta agora.

5. Tem como prever quando o cometa voltará?

Não. Porém, quando estiver passando próximo a Júpiter será possível ter uma ideia da perturbação exercida pela gravidade do grande planeta, o que pode ou não desviar a órbita do astro.

Além disso, ele pode rachar ou sofrer erupções muito fortes que podem acabar despedaçando-o, o que acontece várias vezes, segundo o astrônomo.

"Sofrendo essa atração de Júpiter ele pode inclusive passar a ter uma órbita menor", diz Barbosa.

6. Como os astrônomos sabem que ele já passou por aqui?

O professor da FEI afirma que a velocidade de chegada do astro é o que permite chegar à conclusão.

"Quando ele está chegando perto do Sol, ele vem com uma velocidade, e como a gente sabe que é o Sol que está atraindo, a gente pode fazer o cálculo ao contrário a partir da velocidade e da aceleração que o Sol fornece, para então a gente ver qual era a distância dele", diz.

Assim se determinou que ele saiu há 50 mil anos de uma região perto da Nuvem de Oort, de onde frequentemente alguns astros partem e para onde retornam depois de percorrer sua própria órbita.

7. Existem outras cores de cometa?

A maioria dos cometas tem uma cor esbranquiçada, com uma leve tendência para um amarelo pálido. Além dos tons claros, o esverdeado é o mais comum por causa da presença do cianeto.

*Essa reportagem foi originalmente publicada no Portal G1.com