Durante este período de pandemia, as pessoas estão mais sensíveis, empáticas e solidárias. Há uma preocupação geral pelo próximo e, no cenário atual, a conexão emocional é muito importante, o que mostra que o apelo de união e apoio aos mais afetados pelo estado de isolamento é mais forte nestes momentos.
Estes sentimentos também causam impacto no comportamento de consumo. A relação entre consumidores e marcas vai depender do comportamento delas neste período de pandemia: as pessoas vão lembrar das empresas que ajudaram e foram solidárias e daquelas que estão construindo esse vínculo emocional agora, além das que mantiveram as suas operações e se adaptaram rapidamente para não ter que demitir funcionários.
Essa adaptação é mandatória para todos os empreendedores nesse período de quarentena. É preciso dar mais atenção ao comportamento de seus clientes, observar e reconhecer seus problemas de consumo, e resolver o problema de um grupo de pessoas dispostas a pagar pela solução. Afinal, não importa o momento em que vivemos, empreendedores devem pensar em formas de facilitar a vida das pessoas.
Comércio digital - Durante a quarentena, mais consumidores perceberam os benefícios de realizar compras on-line, portanto, compras de conveniência passarão cada vez mais a ser feitas remotamente. O tempo desprendido para ir ao mercado, por exemplo, pode ser utilizado para trabalhar, curtir a família ou simplesmente descansar.
Neste momento, o papel das empresas deve ser o de educar as pessoas, que estão começando a se familiarizar com o consumo consciente. Neste propósito, é essencial reforçar a importância de evitar desperdício e envolver os consumidores em tarefas sustentáveis como a reciclagem.
Delivery - É evidente que o consumo por delivery deve cair após o fim da quarentena, o que abre espaço para outras oportunidades. Olhar para os problemas na logística das entregas e pensar em uma solução pode ser um bom começo.
Por exemplo, a quantidade de embalagens de qualquer compra na Internet que chega pelos correios é enorme, mesmo que a peça seja pequena. Por isso, ainda precisamos de alguém que pense em uma solução mais sustentável para as empresas que vendem on-line e, talvez, a especialização na entrega de determinadas categorias de produtos, mirando como público-alvo as empresas e as suas necessidades de reduzir custos e diminuir o tempo de entrega.
Restaurantes e Bares - Estabelecimentos deste tipo terão a retomada mais lenta, portanto, devem ser criativos quanto aos cuidados para evitar aglomerações, dada a recomendação de evitá-las. Inovações radicais também são bem-vindas neste momento, pois as pessoas estarão mais dispostas a experimentarem novas alternativas de continuar consumindo os pratos do seu restaurante favorito.
Lojas de roupas - Vender roupas durante a pandemia não é fácil, visto que é um gasto que as pessoas podem preferir adiar. Temos visto a adaptação de algumas marcas para roupas mais confortáveis de ficar em casa, fitness, máscaras e roupa de dormir. É a mudança mais simples e rápida. Porém, é necessário ir além e pensar em outros problemas que ainda não possuem solução.
A recomendação de tirar e lavar as roupas e sapatos cada vez que você chega em casa faz com que as pessoas tenham mais trabalho e percam muito tempo. Será que a indústria da moda consegue resolver esse problema? O desenvolvimento de roupas mais funcionais ou de ações para ajudar pessoas carentes também seriam de grande valia.
Ações para o e-commerce - Algumas ações que podem ajudar empreendedores que querem e devem investir no e-commerce, baseadas em gatilhos psicológicos para gerar conversão de compras on-line, são:
-Oferecer algo grátis (cupons de desconto, brinde, frete grátis). Qualquer detalhe, sendo de graça, desencadeia o sentimento de reciprocidade.
-Destacar comentários de clientes que compraram e gostaram do produto pode gerar desejo e incentivar compras.
-Mostrar sempre imagens do produto em contexto de uso. Fotos apenas do produto são menos efetivas.
-Mostrar sempre que possível, qual é o problema de consumo que o produto resolve para os consumidores. Não forçar um problema se o produto é apenas hedônico.
-Usar frases como “pague somente” ou “tudo por apenas” são mais efetivas do que informar apenas o preço dos produtos e da entrega.
* Melby Huertas é professora do Departamento de Administração do Centro Universitário FEI.