Uma manhã recheada de cultura, filosofia, reflexões sobre fé, missão e educação inaciana. Na última quarta-feira, 28 de maio de 2025, a FEI (Fundação Educacional Inaciana Pe. Sabóia de Medeiros) promoveu o evento “Vozes da Academia – Reflexões Filosóficas”, com o lançamento de três livros de autores jesuítas: “Merleau-Ponty leitor de Claudel: Entre Filosofia e Literatura”, por Pe. Cleiton Nery de Santana, S.J.; “Maria Tupansy – O Auto da Assunção de São José de Anchieta”, por Pe. Felipe de Assunção Soriano, S.J.; e “Novena da Esperança - Rezando nove meses com Maria”, por Pe. Pedro Rubens F. Oliveira, S.J. O evento de lançamento das três obras reuniu professores, alunos, colaboradores da FEI, além de convidados – com realização no Campus de São Bernardo do Campo.
Realizando a abertura oficial, o Reitor da FEI, Prof. Dr. Vagner Bernal Barbeta, falou sobre a representatividade literária do evento, especialmente para o espaço acadêmico e para a comunidade feiana. “Este evento, que intitulamos ‘Vozes da Academia’, celebra a força da palavra, a importância do debate intelectual e a riqueza da produção literária que emerge do seio da academia, que hoje se encontra aqui representada pelas vozes de três importantes jesuítas. Esperamos que este seja o primeiro de muitos encontros, onde a produção intelectual do nosso corpo docente, e também de convidados externos, possa ser apresentada e discutida com a nossa comunidade acadêmica e debatida dentro da nossa instituição”, afirmou. Junto com o Reitor, também estiveram presentes: o Vice-reitor de Ensino e Pesquisa da FEI, Prof. Dr. Ricardo Belchior Torres; e a Vice-reitora de Extensão e Atividades Comunitárias, Profa. Dra. Michelly de Souza.
Após a fala do Reitor, o Presidente da FEI, Pe. Theodoro Peters, S.J, realizou a acolhida à comunidade. Em sua fala, reforçou o posicionamento da mantenedora em relação à missão exercida institucionalmente, afirmando que a pesquisa científica e acadêmica é um pilar fundamental para o avanço do ensino superior, especialmente para as instituições comprometidas com a excelência. “No contexto das instituições dirigidas pela Companhia de Jesus, o patrimônio é dedicado ao avanço do conhecimento para fortalecer, instigar e encorajar o ser humano a se tornar cidadão verdadeiramente critico, ético e comprometido com o bem comum. É a missão da FEI aderida às preferências apostólicas universais. É um caminho para Deus, é o esteio dos vulneráveis, participar com a juventude, da construção de um amanhã na esperança, movendo educação e consciência dos dons, na geração do cuidado com o bem comum. É um dos caminhos para a plena realização desses valores fundamentais para a FEI”, ressaltou em seu discurso à comunidade.
Em sequência, Pe. Cleiton Nery de Santana, que além de autor de um dos livros, é também assistente religioso da FEI, assumiu a palavra, apresentando novamente os jesuítas da mesa e mediando a conversa entre os presentes. Convidado para participação especial no evento, o poeta, pesquisador e Gestor Cultural da Unicap (Universidade Católica de Pernambuco), Antonio Marinho, inspirou, divertiu e partilhou reflexões com o público presente, recitando obras literárias. Entre os textos, recitou um poema do Livro Carne e Alma, do poeta Rogaciano Leite (1920 – 2020):
[..] Deixai-me passar sem pejo,
Que um trovador sertanejo
Vai seu “pinho” dedilhar…
Eu sou da terra onde as almas
São todas de cantadores:
– Sou do Pajeú das Flores –
Tenho razão de cantar!
Não sou um Manoel Bandeira,
Drummond, nem Jorge de Lima;
Não espereis obra-prima
Deste matuto plebeu!…
Eles cantam suas praias,
Palácios de porcelana,
Eu canto a roça, a cabana,
Canto o sertão… que é meu!”
Depois de recitar a obra, Antonio Marinho falou sobre a relação entre os estudos nas áreas exatas e humanas e afirmou que pensar que ambas não caminham juntas seria um equívoco. “Esta poesia é baseada em métrica e métrica é matemática, medida. Rima e métrica vêm da mesma palavra grega, que é ‘medida’ - contagem de tônicas e átonas, ritmo, música; e música também é matemática. Muda-se o nome da casca, de acordo com o que cada um gosta mais. Mas o miolo do conhecimento é um só. Essa é a universalidade da universidade”, afirmou.
Seguindo as apresentações, Pe. Cleiton, autor do livro “Merleau-Ponty leitor de Claudel: Entre Filosofia e Literatura”, trouxe uma visão geral de sua obra, além da experiência no desenvolvimento dos estudos para a sua criação. Na sinopse, o assistente religioso da FEI destaca que, referência constante no pensamento filosófico, a literatura surge em seu livro como aliada na busca por sentido. Entre o visível e o invisível, o sensível e o inteligível, revela-se uma travessia em que carne e ideia se encontram. A relação entre filosofia e poesia é apresentada como um esforço comum de descrever o mundo da vida e tirá-lo do silêncio, unindo, assim, filosofia e não-filosofia na gênese da expressão.
Já o Pe. Felipe, autor do livro “Maria Tupansy – O Auto da Assunção de São José de Anchieta”, destacou que sua obra explora as raízes que ligam São José de Anchieta à antiga Missão de Rerigtibá. O Auto da Assunção se destaca por sua originalidade ao integrar elementos simbólicos e éticos do matriarcado tupi, apresentando Maria Tupansy como protagonista de um projeto catequético que une a tradição judaico-cristã às culturas indígenas do litoral brasileiro.
“Para mim, esse lançamento é um presente duplo, porque desde a primeira hora em que Pe. Peters teve acesso à minha dissertação, disse claramente que era isso que precisava. Porque mais do que contar sobre os métodos da pedagogia inaciana, mostrar como se aplica esse conhecimento empático à realidade e aos contextos é o diferencial da nossa educação. Estar na FEI, para mim como Jesuíta partilhando esse conhecimento, é algo muito importante. Sou muito grato ao Pe. Peters, desde a primeira hora, por essa preocupação de criar mais espaços assim”, afirmou o Pe. Felipe, em entrevista.
Por fim, o Pe. Pedro Rubens, Reitor da Unicap, além de contar sobre suas experiências de vivência e missão com o Presidente da FEI, na sinopse de seu livro “Novena da Esperança - Rezando nove meses com Maria”, destacou suas reflexões na construção do conteúdo. No material, os leitores encontram uma citação do Cardeal Dom José Tolentino Mendonça, que diz: “Maria é mestra de uma esperança assim: real, acessível a todos, partilhável, cotidiana, em construção. Uma esperança que não engana, porque centrada no infinito do amor que Jesus revela. Obrigado ao Padre Pedro Rubens por nos abrir, de forma tão certeira, à contemplação orante da esperança.”
No encerramento do evento, os três autores realizaram um momento de autógrafos, com dedicatórias em seus livros para a comunidade da FEI. Mesmo para aqueles que não tenham conseguido participar do evento, alguns exemplares dos livros permanecem disponíveis para acesso na Reitoria da instituição.