*Reportagem publicada originalmente pelo Jornal do Carro - Estadão Mobilidade
Comprar um automóvel zero-quilômetro nem sempre é uma decisão simples. Com tantas opções no mercado, o consumidor muitas vezes fica indeciso sobre o que é preciso levar em conta antes da escolha definitiva.
Seja qual for o modelo, o comprador deve saber que ele já se desvaloriza em cerca de 10% do valor ao sair da concessionária. A depreciação chega a 20% no primeiro ano de uso.
“A aquisição de um automóvel zero-quilômetro exige cautela para evitar surpresas desagradáveis”, afirma o professor Cleber William Gomes, do Departamento de Engenharia Mecânica e Automobilística da Fundação Educacional Inaciana (FEI).
Ele conta que existem vários fatores importantes na hora de decidir por um carro novo. Em primeiro lugar, quem tem uma família numerosa, com filhos adolescentes ou adultos, deve optar por um veículo mais espaçoso, com bom volume de porta-malas e que caiba no orçamento.
“Por outro lado, se a necessidade é de um veículo para o dia a dia na cidade, para ir e voltar do trabalho, então um modelo compacto atende perfeitamente”, revela.
Faça a compra na concessionária
Uma vez escolhida a categoria pretendida, é hora de pesquisar preços, possíveis promoções, o conteúdo de cada automóvel (alguns trazem mais itens de série do que outros da mesma faixa de preço) e valores que serão gastos posteriormente, como seguro, IPVA, combustível e manutenção.
Segundo Gomes, esses custos precisam ser acrescentados no orçamento mensal para afastar a ameaça de endividamento.
“Hoje, o consumidor não precisa mais sair de casa e visitar várias concessionárias para ter acesso a todas as informações do veículo. Uma busca na internet – nos sites das fabricantes e nos portais automotivos – encurta o caminho e ajuda na escolha”, afirma Gomes.
Mas, apesar das possibilidades de fazer todo o processo de compra de forma online, é recomendável ir à concessionária para fechar negócio. “Nada melhor que conversar pessoalmente com o vendedor, ver o carro de perto e, quem sabe, tentar conseguir um desconto”, revela o professor.
Alguns aspectos também devem ser considerados no momento da compra. Informe-se se o carro está prestes a sair de linha ou se ele passará por alguma reformulação, o que pode mudar detalhes estéticos e de conteúdo.
Se o interessado não se importar com isso e ainda assim mantiver a escolha, então pode usar esses argumentos para pedir um abatimento no preço final.
Não abra mão do test-drive
Há uma prática fundamental que não pode ser esquecida: o test-drive. Jamais leve o automóvel novo para casa sem antes ter as primeiras impressões a bordo.
O test-drive permite que o motorista sinta o desempenho do motor, inclusive em subidas acentuadas, conheça os equipamentos disponíveis e se a posição de dirigir é confortável e ergonômica.
“Existem casos em que o motorista não se adapta ao banco, não se sente bem na hora da condução e considera a visibilidade ruim. O bem-estar a bordo deve ser garantido”, afirma o docente da FEI. “O test-drive é tão decisivo que é capaz de mudar a opinião do comprador entre um carro e outro.”
O comprador nunca deve sair da concessionária com dúvidas – sejam elas sobre a parte mecânica ou o funcionamento de algum dispositivo. “Se persistir uma indecisão depois de ver e dirigir o carro, é melhor a pessoa pensar melhor e, se for o caso, considerar outro modelo. É uma decisão muito importante que não deve ser tomada por impulso e sem total certeza”, completa Gomes.