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O futuro das profissões

O futuro das profissões


  24/10/2018

Neste artigo, o especialista em recursos humanos e professor do Departamento de Administração da FEI, Renato Ladeia, fala sobre quais as principais mudanças e desafios que devem impactar o mercado de trabalho nos próximos anos?

O mercado de trabalho passa por constantes mudanças. Parece que nada é para sempre. A tecnologia da informação se alastra de forma inexorável no mundo das profissões e é impossível prever o que acontecerá com a maioria delas. Mas nada será como antes. Quem não se preparar para o mercado de trabalho futuro poderá ficar marginalizado e, por isso, é fundamental uma atualização constante em termos de competências e novas tecnologias.

Estar atualizado e atento às mudanças é condição básica para a sobrevivência no futuro. Muitas atividades deverão desaparecer em diversas áreas como Administração, Engenharia, Direito e Medicina. As profissões continuarão existindo, mas terão desenhos muito diferentes do que vemos hoje e necessitarão de um número cada vez menor de pessoas. Atividades rotineiras serão substituídas por máquinas e algoritmos muito mais eficientes e rápidos do que os seres humanos.

Isso não é exercício de futurologia, pois, se olharmos rapidamente o passado recente, notaremos que já ocorreram grandes mudanças nas últimas décadas. Cálculos estruturais de engenharia, que antes precisavam de dezenas de engenheiros, são realizados hoje por softwares e com apenas um profissional – extremamente capacitado. Essas ferramentas substituíram centenas de profissionais que passavam horas nas pranchetas elaborando desenhos e projetos. Softwares desenvolvidos para atividades jurídicas analisam em segundos contratos e processos.

Atividades que hoje são muito comuns nas organizações, como recrutar profissionais, mudarão substancialmente. A seleção de profissionais não dependerá mais do crivo de psicólogos para identificar pessoas adequadas às necessidades das empresas. Os candidatos poderão ser avaliados à distância, sem precisar sair de casa. Já existem softwares capazes de avaliar as competências e habilidades das pessoas de forma muito mais eficiente do que as usualmente empregadas série de testes, dinâmicas de grupo e entrevistas, cuja objetividade é colocada em dúvida.

Outra mudança profunda que deve ocorrer é na atividade que chamamos de recursos humanos. A tendência para o futuro é uma atividade descentralizada, estruturada por algoritmos que avaliarão o desempenho das pessoas, como remunerar de forma mais adequada, além de avaliar constantemente as necessidades de treinamentos.

Aplicativos acionados poderão indicar para um gestor quais os cursos que determinado colaborador deverá fazer, quando poderá ter o seu próximo aumento ou promoção, ou, ainda, se é um caso inviável e deve ser desligado.  Essa área de Recursos Humanos, portanto, será uma atividade a mais na cartilha dos gestores e não um departamento – como conhecemos hoje. As próprias relações de trabalho passarão por transformações profundas orientadas à flexibilização.

Outra mudança significativa, que já é perceptível em algumas organizações, é o trabalho à distância. Funcionários trabalhando em casa podem ser mais produtivos do que atravessando a cidade, com trânsito congestionado e chegando aos escritórios cansados e estressados. Nem todas as atividades serão desempenhadas fora das empresas, mas uma boa parte sim, aliviando os custos de manutenção de prédios, comunicações e, mais que isso, melhorando a qualidade de vida nas cidades.

Enfim, o futuro é o que sociólogo Baumman define como Modernidade Líquida, que faz com que tudo seja fluido, sem consistência, em mudanças constantes, e sem conexão com o passado. Cada indivíduo deverá cuidar do seu projeto de vida sem esperar compensações.

* Renato Ladeia – É professor de Gestão Estratégica de Pessoas e Estratégia empresarial. Além disso é consultor de Recursos Humanos, com longa experiência em empresas nacionais e multinacionais.