Quais são os principais desafios e perspectivas para o futuro das empresas? A pergunta virou tema para o evento online organizado pela Associação de Dirigentes Cristãos de Empresa de São Paulo, promovido na quinta-feira, 19 de maio. A discussão também ganhou destaque na reportagem especial veiculada pelo jornal O São Paulo. Para ajudar os leitores a compreenderem a resposta, o jornal publicou depoimentos exclusivos do Reitor da FEI, Prof. Dr. Gustavo Donato, sobre o crescimento das novas tecnologias e inovações como a robótica e a inteligência artificial.
Em depoimento, o Reitor trouxe destaque para o cenário que as empresas têm vivenciado, com um permanente processo de reaprendizado. “Estamos saindo de um mundo linear e experimentando um mundo exponencial, de intensa transformação, o que nos faz aprender a conviver com disrupções severas e o crescimento de tecnologias. Os mercados são novos, os problemas também e as soluções precisam ser originais. Há estimativas de que os problemas a resolver em 2030, bem como as oportunidades profissionais, serão em mais de 75% diferentes das que temos hoje. Assim, os modelos de negócio precisam ser questionados e se reinventar, as pessoas e as maneiras de desenvolvê-las igualmente, e o modo como lidamos com pesquisas, desenvolvimento e inovação também”, afirmou.
Para que os jovens e futuros profissionais possam estar mais preparados para atender às demandas das empresas e da sociedade, o Reitor apontou, também, que tanto as empresas quanto as instituições de ensino superior precisam entender e acompanhar este cenário de transformação e trabalhar em conjunto para a formação de pessoas que tenham uma sólida base de formação, combinada ao domínio das tecnologias e das soluções que são necessárias para a sociedade.
“Educadores, gestores e empresários precisam mudar a cabeça do forescasting para o foresight. O forescasting é uma visão que se pauta no uso dos dados passados e do hoje para prever o amanhã, só que isso representa um planejamento de efeito temporalmente muito limitado. Já se nós invertermos a lógica, vamos para um campo de visões de futuro, que é o foresight, a capacidade de ver aquilo que gostaríamos de impactar do ponto de vista social, construindo um caminho de protagonismo, seja como profissional, seja como negócio”, explicou.
Para que isso aconteça, o professor alertou que as instituições precisam estar atentas aos grandes eixos de transformação social, econômica e tecnológica e que já estão bastante claros para as próximas décadas. “No início, é preciso estudar bem estas megatendências e, em seguida, descer a um nível meso para identificar áreas estratégicas para cada profissão, negócio ou universidade. Por fim, ir ao nível micro, pensando em quais são as respectivas tecnologias habilitadoras. É aqui que entram a inteligência artificial e a robótica autônoma, por exemplo, com as quais nós vamos desenvolver as competências nas pessoas e nas nossas organizações”, afirmou.
Estratégias Educacionais
A capacitação do futuro profissional para desenvolver novas soluções para a sociedade também envolve mudanças de algumas das estratégias de ensino. Em depoimento, o Reitor da FEI explicou que a simples transmissão de conteúdo aos estudantes precisa dar lugar ao desenvolvimento de uma sólida base técnica e humana, combinada ao desenvolvimento de competências e autonomia; as aulas expositivas e com os alunos em postura passiva de recepção de saberes deve dar espaço a uma metodologia ativa, envolvendo o criar, o pensar criticamente e o estímulo à resolução de problemas complexos.
“Não existe mais aquele faseamento estanque de estudar até os 25 anos, trabalhar a partir disso e depois se aposentar. A vida passa a ser um contínuum, uma simbiose entre estes três elementos, incluindo a atuação profissional, o lazer/bem-estar, e há o lifelong learning [aprendizado contínuo ao longo da vida] tanto das corporações quanto das pessoas que as criam e compõem”, destacou.